VII Congreso Latinoamericano de Sociologia Rural

VII Congreso Latinoamericano de Sociologia Rural  

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Grupo Trabajo:14
autores:Edson Vanda Pereira dos Santos
Pais:Brasil
e-mail:Edson_1602@yahoo.com.br
Categoria:estud pos-grad
Poster?:si
Titulo:PARCERIA ECOLÓGICA PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO SUSTENTADO:
Resumo: A atuação dos Seringueiros do Núcleo do Cazumbá no Projeto Manejo Semi-extensivo de Animais Silvestres – Acre/Brasil.

Edson Vanda Pereira dos Santos (Mestrando em Ciências Sociais)

Cientista Social. Estudante do Curso de Pós-Graduação Desenvolvimento Agricultura e Sociedade – CPDA / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, Rio de Janeiro – BRASIL.
Edson_1602@yahoo.com.br

Na Amazônia, experiências são pulverizadas na busca do desenvolvimento comunitário pautado na sustentabilidade social, econômica e ambiental. Recentes estudos indicam que alguns casos estão superando obstáculos que se interpunham, até então, a formação de parceria entre população local e instituições para o desenvolvimento sustentado.

Neste sentido, a comunidade do núcleo do Cazumbá aparece como caso peculiar. Localizado no rio Caetés, município de Sena Madureira – Acre / Brasil, o núcleo é formado por trinta famílias de seringueiros e seringueiras, descendentes de nordestinos que ocuparam a Amazônia Ocidental no final do século XIX. A comunidade surgiu na década de 80 como um movimento de resistência ao projeto de colonização Boa Esperança, criado pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária – Incra. Com o apoio da Igreja Católica a partir da disseminação das concepções de Comunidade Eclesial de Base, os moradores se fortaleceram politicamente e organizaram um movimento para a criação da Resex Cazumbá-Iracema, decretada pelo governo federal em 2002.

Num período pouco mais de 10 anos, as famílias conseguiram canalizar investimentos para a comunidade ainda pouco encontrados em grupos isolados da Amazônia. Contam com energia elétrica, telecomunicação, saneamento básico, posto de saúde, escolas de 1º e 2º graus e acesso terrestre. Atraiu investimentos públicos e privados para a cristalização de projetos que procuram conciliar conservação ambiental e desenvolvimento social. Os projetos foram negociados pela associação dos moradores, ganhando destaque o Projeto Cazumbá – Criação de Animais Silvestres.

Com apoio técnico-financeiro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais - IBAMA e do Fundo Nacional para o Meio Ambiente - FNMA, no período de 2002-2004 a associação elaborou e implantou o Projeto Cazumbá, com objetivo de aumentar a oferta de proteína para os moradores – que têm 53% de sua dieta alimentar suprida pela caça (IBAMA, 2002 e 2004) –, repovoar espécies silvestres escassas na região e gerar renda familiar a partir do excedente produtivo.

Pioneiro em áreas protegidas da Amazônia, a experiência logrou relativo sucesso, principalmente por duas questões. Primeiro, a análise da trajetória local sugere que a comunidade, constituída por pessoas pobres, empoderaram a si mesma, saindo da condição desigual que as excluía dos processos de desenvolvimento e poder, e construíram acesso ao Estado, a sociedade e ao mercado. Isso possibilitou ganhos sociais, econômicos e ambientais em bases sustentáveis, pois possibilitou a implantação de um modelo de gestão participativa eficiente que colocou os atores envolvidos em situações horizontalizadas de poder nos espaços de tomada de decisões. Segundo, porque conseguiu conciliar saber tradicional e conhecimento científico e tecnológico, produzindo um modelo endógeno pautado no respeito aos costumes e crenças locais.



Os principais resultados alcançados pelo Projeto Cazumbá foram:



a) Redução da pressão sobre espécies da fauna silvestre escassas;

b) Sucesso na reprodução de queixada, capivara e quelônios em sistema de criação semi-extensivo;

c) Repovoamento gradual de uma área aproximada de 25 mil hectares por espécies escassas: queixada, capivara e quelônios;



Atualmente a experiência é referência em alternativa para o desenvolvimento sustentável das populações extrativistas da Amazônia. Em 2004, em razão da atuação dos moradores na criação da resex, construção de alternativas econômicas sustentáveis, utilização dos recursos naturais com responsabilidade e pelos trabalhos desenvolvidos em benefício da conservação da biodiversidade, a Associação dos Seringueiros do Seringal Cazumbá recebeu do Ministério do Meio ambiente o Prêmio Chico Mendes - Associação Comunitária.

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